
Laura Flores e Luiz Kirinus
Durante uma viagem ao Rio de Janeiro, Laura sentiu enjoos, tonturas e não conseguia manter o tronco ereto, nem mesmo sentada. Foi trazida de volta a Florianópolis e, após 15 dias internada, diagnosticada como portadora da Síndrome de Susac, uma doença raríssima, com apenas 304 casos registrados no mundo desde sua descoberta, em 1979. Trata-se de uma doença autoimune, como o lúpus e a artrite reumatoide, em que o sistema de defesas do organismo funciona de forma errada, não apenas defendendo o hospedeiro de agressões externas, mas defendendo-o dele mesmo, desta forma, se autoagredindo. A doença afeta a visão, a audição e causa encefalite, que é a inflamação do tecido cerebral. “Eu tive uma grande confusão mental, em um momento cheguei a esquecer meu nome. A recuperação foi bem lenta, só dois anos depois de iniciar o tratamento voltei a pensar normalmente”, relata. Embora a perda da visão, da audição e a confusão mental que a afetaram, sejam os sintomas mais relatados pelos portadores de Susac, o principal problema para Laura foi a perda do equilíbrio – exatamente esta habilidade tão apurada na dançarina -, que a deixou boa parte de sua recuperação em uma cadeira de rodas. “O mais curioso é que faço parte de uma comunidade de portadores de Susac no Facebook e de todos com que converso, nenhum ficou com o equilíbrio tão detonado como o meu. No começo eu achava que ia voltar a dirigir, correr e dançar normalmente, mas quando percebi que não seria bem assim entrei em depressão”, relata.